terça-feira, 9 de abril de 2013

UNASUL - Construtivismo


 

09/04/2013 - 20h07

Unasul enviará missão de acompanhamento das eleições venezuelanas

RENATA AGOSTINI


DE BRASÍLIA

A Unasul (União das Nações Sul-Americanas), organização composta pelos 12 países da América do Sul, enviará uma missão de acompanhamento eleitoral à Venezuela esta semana.

Do lado brasileiro, participará o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Dias Toffoli.

A informação foi dada pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, nesta terça-feira (9) antes de encontro com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Elías José Jaua.

Segundo o Itamaraty, a missão é importante para que se verifique o andamento do pleito e para que não ocorram questionamentos futuros do resultado da eleição, que ocorrerá neste domingo (14).

"Tenho certeza que o processo político vai acontecer em paz e serão respeitados os resultados. A aposta do nosso governo é pela paz, pela democracia, pelo respeito à decisão do povo venezuelano", afirmou o ministro Elías Jaua que veio ao Brasil para acompanhar a apresentação da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar no Teatro Nacional de Brasília.

A Unasul também acompanhará as eleições no Paraguai, que acontecerão na semana seguinte, dia 21 de abril.

O resultado do pleito, segundo Patriota, abrirá caminho para a reintegração do país à Unasul e ao Mercosul, dos quais está suspenso desde junho do ano passado após o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo.

PARCERIA

Antes do encontro com o ministro Patriota, o chanceler venezuelano esteve com a presidente Dilma Rousseff em encontro no Palácio do Planalto, juntamente com o maestro Gustavo Dudamel, regente da Orquestra Sinfônica Simón Bolívar, que reúne jovens músicos.

Segundo Patriota, a presidente mostrou-se simpática a ideia de um projeto de cooperação binacional com a participação de músicos brasileiros e venezuelanos.

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Dentro da teoria construtivista, a caracterização de uma identidade e de valores comuns, pode ser comparado ao fato de a Unasul enviar representantes para as eleições na Venezuela, para garantir que seus interesses e as construções sociais a partir deste pleito sejam benéficas à integração enquanto um bloco. Dessa maneira, entender como funcionam essas eleições, podem favorecer para tal construção de identidade entre os atores e consequentemente, os interesses e as ações de cada um dos Estados em relação aos demais. Ainda assim, a presença de autoridades no pleito pode gerar uma fusão entre agentes e estruturas, de modo que normas criam comportamentos e consequentemente novas normas e assim, consegue-se estabelecer a ordem, uma identidade comum e consequentemente a integração se torna possível.

Mercosul e Identidade - Construtivismo


Itamaraty espera que volta do Paraguai ao Mercosul aconteça até agosto

RENATA AGOSTINI

DE BRASÍLIA


O retorno do Paraguai ao Mercosul e à Unasul (União de Nações Sul-Americanas) deve acontecer até agosto deste ano, sinalizou o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, nesta quinta-feira.

Segundo ele, as eleições no país, que ocorrerão dia 21 deste mês, abrirão caminho para a reincorporação da nação vizinha, suspensa do bloco econômico e da Unasul desde junho do ano passado.

O Mercosul enviará observadores para acompanhar o andamento das eleições.

"Esperamos que [retorno do Paraguai] esteja finalizado até agosto", afirmou ao comentar o processo de discussão do Mercosul com a União Europeia para a criação de uma área de livre comércio durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Segundo Patriota, o governo brasileiro espera que as eleições no país vizinho "abram caminho" para sua volta ao Mercosul.

"A suspensão do Paraguai foi uma avaliação coletiva do Mercosul e dos membros da Unasul e a decisão de reintegrá-lo também será coletiva e exigirá avaliação sobre a plena vigência democracia do Paraguai. A realização das eleições é um passo fundamental ", afirmou.

Ele acrescentou ainda que a relação comercial entre Brasil e Paraguai foi "plenamente preservada" apesar da saída temporária do país do bloco.

O Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul em junho de 2012, após o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo. Para os presidentes dos países integrantes do bloco à época --Brasil, Argentina e Uruguai-- o processo não respeitou a ordem democrática.


O construtivismo enquanto corrente teórica foi criado para buscar entender a sociedade moderna a partir da importância das estruturas normativas e materiais, bem como nas construções de identidade e construções sociais, inseridos num papel que compõe a ação política de um Estado. Dessa maneira, Adler cita que as motivações dos atores são entendidas como causas das ações. Neste sentido, os Estados se integram a partir de aspectos comuns e a partir da integração, passam por um processo de construção de uma identidade comum.

Nesta reportagem, cabe fazer um comparado visto que na teoria construtivista, a integração é dada pela influência que os atores geram através do tempo, de modo a criarem uma identidade. Todavia, no caso do Paraguai, com o impeachment do Presidente, as relações estremeceram com o Mercosul e com a Unasul, o que configura ainda uma certa perda da identidade e de valores, uma vez que os comportamentos dos Estados na Integração, são relevantes tanto quanto as matérias, e tal tensão entre os atores em questão levou a uma suspensão deste País dos organismos citados.

UE, Cameron e o Intergovernamentalismo


David Cameron tenta vender os seus pontos de vista sobre a UE

8 abril 2013Presseurop Gazeta Wyborcza, The Daily Telegraph, Le Monde & 3 outros

Gazeta Wyborcza, 8 abril 2013

“Cada um por si”, escreve, na primeira página, o Gazeta Wyborcza, resumindo a visão que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tem da UE e que este definiu numa entrevista concedida a cinco jornais diários europeus: Le Monde, El Mundo, Il Sole 24 Ore, Süddeutsche Zeitung e Gazeta Wyborcza.

No entender de Cameron, a UE deve mostrar-se mais "aberta e flexível", face à concorrência de potências emergentes como a China, a Índia e a Malásia. Este diário de Varsóvia salienta que

a palavra “flexível” surgiu várias vezes, ao longo da conversa. Tem a ver com a visão segundo a qual, “na Europa, nem toda a gente faz as mesmas coisas, ao mesmo tempo”. Hoje, explica Cameron, o Reino Unido continua fora do espaço Schengen e a Polónia e a Suécia estão fora da zona euro.

O GW escreve que o discurso de Cameron, pronunciado em janeiro e no qual defendeu a reforma da UE, suscitou entre os políticos europeus o receio de que outros países possam começar a escolher determinados elementos da adesão à UE, prejudicando assim a União.

Para Christopher Hope, correspondente político principal do jornal The Daily Telegraph, a entrevista de Cameron transmite a sensação de ser um “pedido de desculpas” e, por outro lado, o seu desejo de que o seu discurso silenciasse alguns eurocéticos, em especial o dos do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), o que não se concretizou.

O facto de, menos de três meses depois, Cameron ter tido de repetir tudo de novo [a sua estratégia de reforma da UE], em cinco línguas, mostra que o discurso de Bloomberg falhou e não se pode dizer que a ascensão do UKIP tenha abrandado.

Disponível em: http://www.presseurop.eu/pt/content/news-brief/3646291-david-cameron-tenta-vender-os-seus-pontos-de-vista-sobre-ue
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Pressupostos Intergovernamentalismo:

A visão do primeiro ministro britânico em relação a União Europeia tem criado discussões em relação a integração do bloco. Segundo o jornal Gazeta Wyborcza o discurso feito por Cameron criou um receio de que outros países  queiram adotar certas decisões em relação a União Europeia e acabem prejudicando a integração do bloco. A opinião dentro da Inglaterra sobre a continuação do país no bloco e a proposta de Cameron de realizar o referendo sobre a saída da UE também gera incertezas sobre o futuro das decisões da Inglaterra em relação a UE.

De acordo com a teoria intergovernamentalista as pressões domésticas, grupos sociais e a elite política podem influenciar na formação da política internacional dos Estados. Assim os grupos domésticos tem capacidade de formar as preferencias nacionais fazendo valer seus interesses na política externa do país.

Spillover, Integração e o Neofuncionalismo


Mecanismo único de supervisão bancária aprovado

19/03 20:38 CET

A eventual taxa sobre depósitos bancários em Chipre causou um novo turbilhão na zona euro, mas Bruxelas continua a trabalhar para criar uma união bancária.

Parlamento, Conselho e Comissão europeus chegaram a acordo sobre o funcionamento do novo mecanismo único de supervisão dos bancos.

O eurodeputado alemão dos Verdes, Sven Gigold, diz que “o compromisso encontrado é um grande avanço porque permite travar a tendência para baixar os padrões de supervisão dos bancos. Tal significa que não se protegem os centros financeiros apenas a nível nacional, mas que os grandes bancos serão também supervisionados ao nível europeu de uma forma uniformizada”.

O mecanismo de supervisão deve entrar em vigor até meados de 2014 e é uma condição para que o Banco Central Europeu resgate diretamente bancos à beira da falência.

Copyright © 2013 euronews

Disponível em:< http://pt.euronews.com/2013/03/19/mecanismo-unico-de-supervisao-bancaria-aprovado/>

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Pressupostos Neofuncionalistas que corrobora para o Mecanismo único:

Por se tratar de uma teoria criada para compreender o processo europeu de integração a sua aplicação a um caso de processo interno é facilmente justificável. Como principal ponto de intersecção com a teoria a notícia tem apresentado o papel do Parlamento, do Conselho e da Comissão, que são instituições que foram criadas por conta da pressão que o processo de Spill-over criou nas estruturas de cooperação para institucionalizarem-se.

No caso da reportagem, o Banco Central Europeu coopera para promover melhorias na economia de Chipre, o que entra em conformidade com o pressuposto neofuncionalista de que os Estados buscam a cooperação para melhorar sua situação, pois a economia europeia está extremamente interligada qualquer crise reverbera em todo o bloco.

Estratégias em Comum e o Funcionalismo


Bruxelas define estratégia comum para diminuir sinistralidade rodoviária
19/03 17:52 CET
A mortalidade rodoviária em Portugal baixou 16% em 2012, um valor bastante acima da média da União Europeia, que foi de 9%. Apesar de satisfeito com o facto de 2012 ter atingido o “número mais baixo de sempre de vítimas mortais” desde que são recolhidos dados na União, o comissário europeu Sim Kallas realçou que “há muito trabalho a fazer”.
“Ainda morrem 77 pessoas, todos os dias, nas estradas da Europa. A evolução é mesmo negativa em alguns países e aqueles que nos causam mais preocupação, devido ao elevado número de mortes na estrada , são a Lituânia e a Roménia”, disse o responsável pelos Transportes do executivo europeu.
Mas por cada morte na estrada, há 10 pessoas que sofem ferimentos graves, tais com lesões cerebrais ou na medula espinal. Ou sejam cerca de 250 mil por ano.
É o caso de Emmanuel Johnson, de 46 anos, que ficou paraplégico há 8, depois de um acidente de moto. A diminuição de verbas públicas para os tratamentos preocupa-o.
“Temos alguma ajuda aqui na Bélgica, mas está a sofrer cortes e, na prática, recebemos cada vez menos apoio”, refere Emmanuel.
Para fazer face ao problema, a Comissão Europeia publicou, esta terça-feira, uma “estratégia global” que pretende, entre outras iniciativas, criar uma definição comum de lesão grave resultante de um acidente de viação.
Deverá, também, ser fixado um objectivo comum aos 27 países para reduzir o número de casos e uma plataforma de recolha de dados.
Copyright © 2013 euronews
Disponível em: http://pt.euronews.com/2013/03/19/bruxelas-define-estrategia-comum-para-diminuir-sinistralidade-rodoviaria/
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Pressupostos Funcionalistas que corrobora para a estratégia comum:
Os países, conforme aponta o funcionalismo, tendem a cooperar em torno de temas que sejam problemáticos e de difícil superação ao ponto que uso de recursos nacionais seria inviável. Em relação à notícia acima podemos observar que os países da União Europeia cooperam no sentido de buscar a redução dos sinistros nas rodovias, buscam por meio de políticas de cooperação comum uma estratégia mais eficiente para combate à essa problemática.

Pressupostos Teorias de Integração


 
 
 
Premissas
 
Relação entre a teoria e os processos de Integração Regional
 
Teoria Realista
O Estado é egoísta e busca a maximização de seu poder e dos ganhos
Os Estados irão se unir caso tenham mais ganhos juntos do que separados. Juntos tem possibilidade de barganhar e conseguir maior poder de forma que o sistema fique mais equilibrado com o poderio da hegemonia. Caso for mais vantajoso, une-se à hegemonia.
Sistema Internacional Anárquico
Não existe nenhuma instituição acima dos Estados. Apesar da existência dos blocos regionais, estes não interferem na soberania dos países de modo que permanecem nele até o momento que ainda é interessante para atender seus objetivos de maximização de poder.
Redução das ameaças externas
Integração como resposta política ao poder e ameaça hegemônica.
Aumento dos lucros econômicos
A integração é interessante para o Estado se esta faz com que seus lucros aumentem por meio dos acordos econômicos.
 
Teoria Liberal (Liberal Intergoverna-
mentalismo) 
O Estado é o centro
Visão Estadocêntrica.
Formação de preferências nacionais
Identificação das vantagens de estabelecer uma coordenação política. Primeiramente a formação de preferência ocorre em plano doméstico, posteriormente o Estado identifica as vantagens da integração e barganha com os outros Estados.
A barganha tende para o menor denominador comum, assim as diferenças são relativizadas.
Comportamento racional dos Estados
O Estado como ator racional e egoísta busca a maximização de seus lucros, sendo assim os custos e benefícios da integração são importantes para a formação de preferências.
 
Funcionalismo
O Estado atua racionalmente
O Estado é um ator racional que sempre buscará atender os seus interesses nacionais e coopera em questões tópicas, as quais não lhes é benéfico atuar sozinho.
Positividade da integração
A integração em última instância promover a paz mundial e é positivada pelo discurso funcionalista, uma vez que promove benfeitorias, cooperação e reduz custos.
Atores da integração
Os únicos atores promotores da integração são aqueles que surgem no contexto da cooperação técnica tópica. A Burocracia técnica e os especialistas.
Doutrina da Ramificação
Parte de uma Atividade Funcional (oriunda de uma cooperação técnica) que gera bons resultados e promove a proliferação da cooperação em outros campos.
 
Neofuncionalismo
O Estado atua racionalmente
O Estado é um ator que atua racionalmente mas é compreendido enquanto um conjunto de grupos e processo internos de tomada de decisão. Obedece à seus interesses nacionais para integrar, mas também parte de uma questão específica técnica para cooperar, pois os custos de superação dela quando regionalizados são menores.
Positividade da integração
A integração em última instância promove a paz mundial, a integração dos povos e a transferência de preferências, do nacional para o interesse comum.
Atores da integração
A iniciativa da integração parte dos governos nacioanais, mas observa-se a atuação das elites, grupos de interesses, organizações sociais e partidos políticos.
Spillover
O conceito de Spill-over é o motor da integração, corresponde a praticamente o mesmo de Ramificação para o Funcionalismo mas apresenta muito mais importância e profundidade para o Neofuncionalismo do que para sua antecessora.

Funcionalismo e Neo-funcionalismo


O objetivo deste texto é apresentar, primeiramente, uma analise acerca da teoria Funcionalista e a partir dela estabelecer os meios de compreensão referentes aos pressupostos Neo-funcionalistas, que a sucederam enquanto teoria explicativa da realidade.

O Funcionalismo tem como principal pensador David Mitrany, o qual se dedicou a entender o processo de integração partindo de uma observação acerca do caso europeu. Sua principal preocupação sempre foi a obtenção da paz em nível mundial, acreditava sobretudo na positividade da cooperação entre os Estados Nacionais como meio para garanti-la, a pesar de identificá-los como causador da guerra. O autor entende que em um ambiente que se apresente uma problemática comum, identificada como mínimo denominador comum entre os Estados, estes tenderiam a cooperar em torno desta questão afim de generalizar os custos e reduzir os riscos, por meio disto podemos identificá-los como atores racionais.

Como atores do sistema, Mitrany identifica os próprios Estados - enquanto estância intergovernamental; e as Instituições e Organizações Internacionais - como estância supranacional. O sistema internacional seria apontado como um meio no qual os atores, mediante suas preferências individuais, atuariam e se comportariam de forma racional, ele seria aberto à interferência de todos os seus componentes e apresentaria uma seria de relações de trocas entre seus subsistemas sociais (política, economia e sociedade).

E como surgiria a cooperação? Podemos identificar que o cenário favorável ao seu surgimento, segundo o Funcionalismo, seria em um contexto no qual os problemas técnicos se mostram crescentes e que a solução não se mostra de viável no âmbito nacional, o que forçaria os Estados a estabelecer uma cooperação tópica. Essa cooperação daria origem a uma integração institucional regional acerca de um tema técnico, que demandaria a atuação de especialistas. Essa instituição supranacional seria administrada por uma burocracia técnica transnacional, esses seriam os agentes da integração.

Como a integração teve como motor inicial uma questão técnica, ao empregar mão-de-obra especializada para resolução do problema inicial o seu sucesso seria garantido e os frutos dessa integração inspirariam a cooperação em outras áreas problemáticas, gerando assim um processo de proliferação da cooperação para outras áreas, o que Mitrany nomeia como Doutrina da Ramificação – a colaboração tópica funcional referente a um setor geraria um encadeamento de cooperação até mesmo para áreas mais complexas como a política e a economia.

Continuando na onda de positividade cooperativa, esse processo de Ramificação que surgiu em uma Atividade Funcional específica, produziria um processo de criação gradual de outras Instituições Internacionais produzindo uma Rede Internacional de cooperação, que redefiniria os interesses e as lealdades dos Estados, mudando-as do interesse nacional para o interesse coletivo. Esse processo geraria uma nova forma de comportamento dos Estados que seria internalizada e observaríamos a redução progressiva dos conflitos internacionais. Então haveria um processo de integração contínuo e perene, uma cooperação iniciada jamais retrocederia.

Mas como toda teoria apresenta falhas, o Funcionalismo, também possui as suas. A primeira crítica, se dá em relação a sua origem e objetivos, por ter sido criado por meio da observação do processo europeu de integração, a teoria não foi capaz de explicar porque em certos momentos o processo foi interrompido e, até mesmo, o porque de em certas áreas as iniciativas forem má sucedidas (como por exemplo a integração militar). Quanto aos objetivos, a teoria funcionalista é entendida como um método para pensar a integração, um receituário que apresenta o “dever ser” de um processo, não o que ele realmente é. Outro ponto de inflexão é o fato da teoria não ser capaz de apontar especificamente quais são as condições necessárias para que a cooperação, motor inicial do processo, se estabeleça. O que é reforçado pelo apontamento de que ainda não assinala as razões pelas quais os Estados, seus processo internos e atores nacionais, decidem pela integração.

Por meio da crítica construtiva dos pontos de inflexão da teoria Funcionalista surge o Neofuncionalismo de Haas, Keohany e Nye, os quais buscaram superá-los e apresentar uma teoria nova e capaz de explicar os novos processos que passaram a ser observados a partir da década de 1950, mas sobretudo a teoria Neo-funcinalista pretende ser uma teoria geral.

Partindo da análise dos atores para esses teóricos temos, a manutenção do principio de racionalidade e a busca por generalizar despesas e reduzir riscos. Quanto aos componentes sistêmicos teríamos agora uma consideração dos processos nacionais internos e regionais, ao invés de considerarmos os burocratas, técnicos e especialistas (como para o Funcionalismo), temos a valorização da atuação dos governos nacionais, partidos políticos, grupos de interesses, elites e organizações sociais.

Partindo do principio que a base para o processo muda – passa a ser atores nacionais; temos com isso uma regionalização do processo, devido a proximidade geográfica e cultural entre os atores de uma mesma região, a unidade integracionista ganha uma nova configuração. Agora compreende-se a existência de avanços e retrocessos nos processos de integração, justificando-os pela mutabilidade do interesse nacional, das suas elites e grupos de interesses.

Considerando que os atores se relacionam mais intensamente com seus vizinhos geográficos por esses apresentarem vantagens geográficas, culturais e de afinidade de interesses, o motor da integração institucional supranacional deixa de ser a cooperação técnica tópica e o intergovernamentalismo para ser a cooperação regional. Onde há uma transferência de expectativas e lealdades, assim mais bem justificada que a do Funcionalismo, da unidade Estatal para a Institucional Regional.

Para Haas, os atores apresentariam como motivações para implementar processos integracionistas quatro principais pontos:

·         desejo de promover a segurança numa dada região, realizando a defesa conjunta contra uma ameaça comum;

·         promover a cooperação para obter desenvolvimento econômico e maximizar o bem-estar;

·         interesse de uma nação mais forte em querer controlar e dirigir as políticas de seus aliados menores, por meio de persuasão, de coerção ou de ambos;

·         a vontade comum de constituir a unificação de comunidades nacionais numa entidade mais ampla. (MARIANO & PASSINI, 2002)

Partindo ainda do princípio Funcionalista de cooperação inicial tópica como motor para o processo de integração, temos que a iniciativa de se promover a integração parteria de um núcleo funcional prévio constituído por governos regionais e burocracias especializadas. Este por sua vez provocaria estímulos a integração regional promovendo a adesão de novos atores regionais e setores sociais para adensar o processo.

Por meio destas características e efeitos, os autores preveriam que o processo antes tópico apresentaria tão bons resultados que se expandiria, espraiaria, para outros setores. Como ponto central do Neofuncionalismo, temos a manutenção “repaginada” do conceito de Ramificação, agora concebido enquanto Spill-over (traduzido enquanto espalhar e transbordar), que produz um efeito de sempre estar criando novas demandas nos mesmos setores e em novos, gerando reações e respostas aos processos. O spillover atuaria de forma sistêmica, com reverberações internas em todos os componentes setoriais da integração, que se aprofundaria até o campo político. O processo de spill-over se daria tão intensamente que forçaria até mesmo a criação de uma burocracia específica para gerenciar os processos integracionistas.
Considerando os processos nacionais de integração regional, o Neo-funcionalismo, acredita que o papel da democracia é essencial para que eles se façam viável, já que toda a população precisa concordar com o processo integracionista e o seu sucesso depende da participação de toda a sociedade nele. Não se entende integração se a sociedade como um todo a não vê benefícios nela, já que com a integração cria-se um deslocamento de lealdade do polo nacional para o regional, deixa-se de prestar dedicação exclusiva as questões nacionais para as questões de bloco.

Assim, entende-se que a principal contribuição Neo-funcionalista se refere aos processos de Spill-over e a sua compreensão regional-mundial de evolução integracionista. Porém até mesmo esses pontos, bem fundamentados, não se mostram passíveis de críticas. Com esse foco excessivo no spill-over a teoria passou a assumir um caráter linear que não se apresenta na realidade, nem mesmo no estudo de caso que fazem com o processo europeu. Como criticam, até mesmo Keohane e Nye, não se pode basear toda a teoria em uma única causa, há que se considerar as diferentes formas de evolução da cooperação e como resultado delas possíveis formas de institucionalização, diversas das já apresentadas.
Como solução para esses pontos Keohane e Nye apresentam quatro dimensões para se entender a integração:

·         a amplitude geográfica compreendida por esse regime internacional, ou seja, o seu alcance físico;

·         a hierarquia dos temas dentro da agenda de negociação e de coordenação de políticas [high e low politics];

·         os tipos de instituições que realizam a tomada de decisão, a implantação e o fortalecimento do processo;

·         o direcionamento e a magnitude dos ajustes políticos realizados nacionalmente em consequência da integração [...]. (MARIANO & PASSINI, 2002)
Quando se considera esses pontos sugeridos pelos autores a compreensão neo-funcionalista se mostra muito mais completa e capaz. A aplicação da teoria em casos reais depende em grande medida dessas adaptações propostas por eles. A teoria Neo-funciolista assim como sua antecessora se mostra muito específica em relação a aplicabilidade, o que é sua principal falha, mas sua validade e importância ainda permanecem.

 

Pressupostos da Teoria Funcionalista
Relação entre os pressupostos e o debate sobre integração regional
O Estado atua racionalmente
O Estado é um ator racional que sempre buscará atender os seus interesses nacionais e coopera em questões tópicas, as quais não lhes é benéfico atuar sozinho.
Positividade da integração
A integração em última instância promover a paz mundial e é positivada pelo discurso funcionalista, uma vez que promove benfeitorias, cooperação e reduz custos.
Atores da integração
Os únicos atores promotores da integração são aqueles que surgem no contexto da cooperação técnica tópica. A Burocracia técnica e os especialistas.
Doutrina da Ramificação
Parte de uma Atividade Funcional (oriunda de uma cooperação técnica) que gera bons resultados e promove a proliferação da cooperação em outros campos.
Pressupostos da Teoria Neo-funcionalista
Relação entre os pressupostos e o debate sobre integração regional
O Estado atua racionalmente
O Estado é um ator que atua racionalmente mas é compreendido enquanto um conjunto de grupos e processo internos de tomada de decisão. Obedece à seus interesses nacionais para integrar, mas também parte de uma questão específica técnica para cooperar, pois os custos de superação dela quando regionalizados são menores.
Positividade da integração
A integração em última instância promove a paz mundial, a integração dos povos e a transferência de preferências, do nacional para o interesse comum.
Atores da integração
A iniciativa da integração parte dos governos nacioanais, mas observa-se a atuação das elites, grupos de interesses, organizações sociais e partidos políticos.
Spillover
O conceito de Spill-over é o motor da integração, corresponde a praticamente o mesmo de Ramificação para o Funcionalismo mas apresenta muito mais importância e profundidade para o Neofuncionalismo do que para sua antecessora.

 

Bibliografia                                                            

FERNANDES, Joel Aló. A INTEGRAÇÃO ECONÔMICA COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DO CONTINENTE AFRICANO: proposta de fusão entre a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Econômica e Monetária da África Ocidental (UEMOA). UFSC: Florianópolis – SC, 2007.

KEOHANE, Robert O. e NYE, Joseph. Transnational Relations and World Politics: an introducion. KEOHANE, Robert O. and NYE, Joseph. Transnational Relations and World Politics. Harvard: Harvard University Press, 1981.

MARIANO, Karina Pasquariello. PASSINI, Marcelo. As teorias de integração regional e os Estados subnacionais. (2002) Disponível em: <http://www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/imp31art02.pdf> acesso em: 08 de abril de 2013

McGOWAN, Lee. Theorising European Integration: revisiting neofunctionalism and testing its suitability for explaining the development of EC competition policy? (2007) Disponível em: < http://eiop.or.at/eiop/index.php/eiop/article/view/2007_003a> acesso em: 08 de abril de 2013

MITRANY, David. The Funcionalist Alternative. WILLIAMS, P.; GOLDSTEIN, D. M. e SHAFRITZ, J. M. (eds.) Classic readings of international relations. New York: Hartcourt Brace College Publishers, 1994.

PATRÍCIO, Raquel. A teoria das Relações Internacionais e as Teorias da Integração Européia – A TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS E AS TEORIAS DA INTEGRAÇÃO EUROPEIA (2006). Disponível em <http://euroiscsp.blogspot.com.br/2006/12/teoria-das-relaes-internacionais-e-as.html> acesso em: 07 de março de 2013