De acordo com Moravcsik a integração tem como
característica a formação de preferências nacionais dos Estados levando em
consideração a racionalidade dos atores. O autor leva em consideração que essas
preferências nacionais são um reflexo das pressões domésticas e internacionais
sofridas pelos Estados. Existe uma necessidade de cooperação entre os países,
pois estes são interdependentes e o que ocorre em um país tem conseqüências em
outro. O que leva a concluir que a
cooperação é uma questão de necessidade. A coordenação política conjunta é melhor
do que a ação unilateral, uma vez que a ligação entre atores implica custos. O processo de integração é um regime
internacional que reduz os custos das transações entre os países que buscam tal
integração.
Para Moravcsik, que é um teórico liberal, o
desenvolvimento de um Estado ocorre por meio do livre fluxo de mercadorias,
levando em consideração também a abertura de mercado. O foco deste autor é a
integração econômica entre os Estados e
não vai para além deles. Moravcsik defende que a integração se mantém desigual,
isso porque cada Estado participante possui seus próprios interesses o que leva
cada um a buscar a maximização de seus ganhos individuais.
Moravcsik, Andrew. Taking Preferences Seriously: A
Liberal Theory of International Politics. International Organization
51, 4, Autumn 1997, pp. 513–53. Disponível em: http://www.princeton.edu/~amoravcs/library/preferences.pdf
Ultimo acesso: 10/01/2013.
Moracvsik,
Andrew. Preferences and power in the European Community: a liberal
intergovernmentalist approach. Oxford, 1994.
Os pressupostos do
intergovernamentalismo liberal
A teoria intergovernamentalista não é considerada
uma teoria construída para pensar a integração regional. O
intergovernamentalismo vai além da discussão da integração, pois possui uma
abordagem sobre como os Estados cooperam entre si. Outro elemento presente
nesta teoria é o pressuposto de que os Estados são atores racionais, sendo
assim o Estado tem a característica de refletir sobre seus interesses. Os interesses e preferencias dos países são
formados por pressões tanto domésticas, quanto internacionais, ou seja, o
comportamento dos Estados vai será formulado e se refletir nas externalidades.
Em relação às pressões domésticas existem dois tipos de disputa dentro dos
Estados para definir as preferencias nacionais, que são as disputas endógenas e
exógenas. As disputas endógenas são aquelas que ocorrem dentro do aparelho
burocrático estatal. Já as exógenas são disputas para a formação de
preferencias feitas por grupos sociais organizados, como por exemplo:
comunidades epistêmicas, elite política e intelectuais. Sendo assim, as
preferencias não são pré-definidas, mas se dão pelas pressões domésticas.
A teoria intergovernamentalista liberal busca
entender quais são as pressões domésticas, grupos sociais que vão influenciar
na formação da política internacional dos Estados. Diferentemente da teoria
neofuncionalista que não explica e não analisa quais são os grupos que tem a
capacidade de intervir nas preferencias fazendo valer seus interesses na
política externa do país.
Em relação ao comportamento racional dos Estados,
este auxilia na discussão dos constrangimentos produzidos pelas preferencias
nacionais. Isto significa que primeiramente os governos definem seus interesses
e em um segundo momento os Estados vão desenvolver uma dinâmica interestatal
para barganhar entre si e por fim definir os interesses em comum. Desta forma o comportamento racional,
característica dos Estados, servirá de base para a discussão de quais
constrangimentos existem na discussão das preferencias nacionais, para que em
uma fase posterior os países possam barganhar.
O conceito de interdependência também é outro ponto
importante para a teoria intergovernamentalista. Isso devido a necessidade de
cooperação entre os países, pois não cooperar é mais prejudicial do que
cooperar e não podemos falar de cooperação sem um cenário de interdependência
que é o efeito de reciprocidade entre os atores, ou seja, o acontecimento em um
país impacta diretamente na política externa do outro. Assim os Estados
cooperam por necessidade e não apenas por interesse, a cooperação minimiza os
custos das relações entre os Estados. A
principal motivação para ocorrer a integração, de acordo com o
intergovernamentalismo, é porque a coordenação política conjunta é considerada
mais eficiente que uma ação unilateral. Os efeitos da interdependência geram
uma necessidade de cooperação entre os Estados. Assim para a teoria, será por
meio da coordenação política que a ação cooperativa se tornará mais benéfica do
que a unilateral. Como consequência da
coordenação entre os Estados, as relações de cooperação se aprofundam o que vai
gerar uma necessidade, uma demanda cada vez maior por coordenação política.
Concluindo, o foco da teoria intergovernamentalista
está no argumento da necessidade de coordenação política tendo em vista a
maximização dos lucros e redução dos custos no processo de integração. Para a
teoria é fundamental entender as negociações e barganhas que acontecem entre os
Estados nesse processo de coordenação política. Sendo assim, para o
intergovernamentalismo a integração é um regime internacional que possibilita a
diminuição dos custos das transações entre os Estados. Quanto mais acordos de
integração existir entre os países, menores serão os custos do processo. Já que
com a intensificação da interação entre os Estados, mais conhecidos serão os
interesses de cada país e a probabilidade de ocorrer custos nessa relação será
menor.
Pressupostos da Teoria do Intergovernamentalismo liberal
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Relação entre os pressupostos e o debate
sobre integração regional
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O
Estado é o centro
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Visão
Estadocêntrica.....
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Formação
de preferências nacionais
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Identificação
das vantagens de estabelecer uma coordenação política. Primeiramente a formação de preferência
ocorre em plano doméstico, posteriormente o Estado identifica as vantagens da
integração e barganha com os outros Estados.
A
barganha tende para o menor denominador comum, assim as diferenças são
relativizadas.
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Comportamento
racional dos Estados
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O
Estado como ator racional e egoísta busca a maximização de seus lucros, sendo
assim os custos e benefícios da integração são importantes para a formação de
preferências.
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Muito bom essa postagem. Estava procurando uma resenha desse tipo. Parabéns
ResponderExcluirOtima explicacao
ResponderExcluirAmei a explicação!
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