terça-feira, 9 de abril de 2013

Interesses do Governo acima da Integração - Intergovernamentalismo


24/01/13 - 11h54

David Cameron anuncia a promessa de referendo sobre a UE nesta quarta-feira Matt Dunham / AP

LONDRES - Em resposta ao anúncio do premier britânico, David Cameron, que nesta quarta-feira prometeu a realização de um referendo sobre a saída do país da União Europeia em 2017, caso fosse reeleito, o presidente francês, François Hollande afirmou que o bloco não deve se “diminuir” para permitir que o país permaneça como membro. Além de propor o referendo, Cameron exigiu uma reforma radical da UE, que incluiriam negociações com os sócios da União Europeia para aumentar a autonomia dos Estados, em especial em questões políticas, e para consolidar o mercado comum.

- O que eu vou dizer, em nome da França e como europeu, é que não é possível negociar como a Europa para realizar este referendo - disse Hollande. - A Europa deve ser tomada como ela é. Não podemos reduzi-la ou diminuí-la para que o Reino Unido permaneça.

Mais cedo, Cameron definiu princípios para organizar as mudanças, entre eles a competitividade, pois “o coração da UE tem que ser, como é agora, o mercado único”, e a flexibilidade, porque o “bloco deve agir com rapidez e flexibilidade de uma rede de Estado, e não com o pesado bloco rígido”.

- É hora de o povo britânico falar. É hora de resolvermos essa questão sobre o Reino Unido e a Europa - disse, acrescentando que seu Partido Conservador deve fazer campanha para a eleição de 2015 prometendo renegociar a participação britânica na UE. - Quando tivermos negociado esse novo acordo, vamos dar ao povo britânico um referendo com uma escolha muito simples, dentro ou fora, sobre permanecer na União Europeia com base nesses novos termos, ou sair de uma vez.

Críticos dizem que, até o referendo, o país pode mergulhar num perigoso e nocivo limbo, ficando à deriva ou mesmo sendo expulso da UE. A promessa de Cameron gerou uma onda de críticas de outros membros do bloco, incluindo França e Alemanha, e de seu principal aliado político, os Estados Unidos. Em coletiva de imprensa, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse nesta quarta-feira que os EUA acreditam que o país é mais forte como parte da União Europeia - e que o bloco é mais forte com a participação do Reino Unido.

Na Europa, a chanceler alemã, Angela Merkel, foi mais contida, defendendo uma negociação justa com os britânicos. Já o francês Laurent Fabius disse que estenderia um tapete vermelho caso o Reino Unido queira deixar o grupo

- Se o Reino Unido quiser sair da União Europeia, nós vamos estender o tapete vermelho para vocês - disse, em tom de ironia, Laurent Fabius, citando uma conversa que teve com um empresário britânico.

- A Alemanha e eu, pessoalmente, queremos que o Reino Unido seja uma parte importante e membro ativo da União Europeia. Nós estamos preparados para dialogar sobre os desejos dos britânicos, mas temos que ter sempre em mente que outros países também têm suas necessidades. Temos que atingir um compromisso justo. Nós vamos negociar intensamente com o Reino Unido sobre suas ideias individuais, mas isso deve durar meses - disse.

A promessa de Cameron consiste em realizar uma consulta pública, até o fim de 2017, sobre a permanência do país na UE, caso seja reeleito em 2015. O governo britânico já estava negociando uma profunda mudança nas relações do país com o bloco, que inclui a devolução de diversas políticas, que atualmente pertencem à UE, ao Parlamento britânico. Se o Reino Unido deixar o grupo, será uma “viagem sem volta”, afirma Cameron.

Seria a segunda votação desse tipo na história britânica. Em 1975, o eleitorado decidiu por ampla margem permanecer na então Comunidade Econômica Europeia, à qual o país havia aderido dois anos antes. As pesquisas mais recentes mostram um eleitorado dividido a respeito do assunto.

A promessa de Cameron está condicionada a muitas incertezas. Ele precisaria reverter a desvantagem eleitoral para 2015, convencer os outros 26 países da UE a dar um novo papel à ao Reino Unido, além de torcer para que esses países convençam seus eleitores a aprovar essas mudanças.

Críticas internas

Após o anúncio de Cameron, o líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, acusou o premier de estar levando o país até um “precipício econômico” e de estar construindo o caminho para a saída da UE. Até o vice-primeiro-ministro britânico e liberal democrata, Nick Clegg, criticou a decisão do colega de coalizão. Segundo ele, o referendo “criará incerteza e terá um efeito negativo sobre o crescimento e a criação de empregos” no país.

De acordo com o jornal “El Mundo”, um grupo de 25 conservadores, entre eles Michael Ray Dibdin Heseltine - um dos responsáveis pela queda de Margaret Thatcher - escreveram uma carta ao premier pedindo “uma visão mais positiva do Reino Unido na Europa” e que a ênfase de seu discurso não seja a consulta popular para sair da UE. Por outro lado, conservadores radicais, como o ministro da Defesa britânico, Liam Fox, elogiaram a decisão de Cameron. Fox disse, em coletiva, que “escutou, por fim, palavras que estava esperando há muito tempo”.

Em parte de seu discurso, Cameron se aproximou tanto dos chamados “eurocéticos” que foi comparado ao pronunciamento de Margaret Thatcher em Bruges (1988). Definindo o Reino Unido como uma ilha, ele disse que seu país entrou na UE com uma “mentalidade mais prática do que emocional”.

- Temos o caráter de uma ilha: independentes, diretos e apaixonados na hora de defender a nossa soberania. Entramos na União Europeia com uma mentalidade mais prática do que emocional.

Para amenizar suas declarações, Cameron lembrou da importância que a integração de países europeus tem desempenhado em prol da paz e da estabilidade no continente, depois de duas guerras mundiais no século XX. No entanto, ele rapidamente acrescentou que o objetivo da UE atualmente “é alcançar a paz, mas para assegurar a prosperidade”, exortando o bloco a aceitar as mudanças que irão ser propostas pelo Reino Unido.

Disponível em: http://oglobo.globo.com/mundo/cameron-promete-referendo-sobre-saida-do-reino-unido-da-ue-7374408#ixzz2Q0ihxTjV

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É intergovernamentalismo, pois o Reino Unido está agindo de acordo com seus interesses individuais. Se sentindo prejudicado pela integração o Reino Unido deseja se retirar do bloco, já que de acordo com a teoria a integração teria o objetivo de maximizar os lucros e diminuição dos custos de transação. Para o Reino Unido então essa vantagem da integração não ocorre mais.

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